O tato mais inteiro e sincero
Que um’alma pode a outra oferecer
Capaz do peito em fogo arrefecer
E erguer de volta a mão ao pleno esmero.
Acerca com perfume de aconchego
E um brilho de afeto junto ao rosto,
Repousa-lhe do peso do desgosto
Qual colo que dos medos dá sossego.
Velado sê de olhos mui alheios,
Matiza e harmoniza como a infância,
Enquanto afoga todos os receios…
Mas se é sinal de adeus, afunda em ânsia,
Se vai-se, assim, furtando chãos e meios –
Antônimo de abraço é distância.
Soneto sobre os múltiplos significados do abraço.
A imagem do topo é "Amor maternal" de Hugues Merle (1880).