A menina sai de casa e se planta;
Seu homem também sai e se senta.
Ponderam ambos os cobres do tempo
E miram sua safra de forma bem lenta.
A menina se abre e ouve os campos;
O vento a si traz ruídos benditos.
Lhe sopra aos ouvidos desejos e sonhos;
Tons muito remotos de tempos bonitos.
A menina se chega aos campos e vê
Semeadeiras que lançam e colhem ramadas;
Segadeiras com molhos pendentes nos braços
E o cheiro desperta-lhe um sonho que agrada
Lavanda, orquídea, rosa e alecrim
Noções e imagens lhe chegam aos ouvidos
Desenham contornos de brotos no ventre
O umbigo, de repente, em botões, eis florido.
A menina, e seu homem, com esmero intentam,
Mas no breu, apenas, se pegam espiando,
Veem formas, rabiscos, ruídos e cenas;
Que ramos são esses? E como? E quando?
A menina, então, se volta pra casa
Espia os ramos que em si já brotaram:
Quão díspares são…! Em cheiros e tons,
Vários odores e sons exalaram…
A menina, qual quem à aurora espera,
Sem ver ou ouvir, imagina, madura,
A espessura do caule, o toque das folhas,
O tom do odor deste chá que lhe cura.
O tempo, então, sua pena avança:
A molha na seiva e escreve em dores;
Tenta e intenta, rabisca e ajeita.
Por fim, brota o ramo, do ventre, em flores!
🌸🌼🏵️
Diana é o nome do ramo brotado!
Pequena e meiga; macio o trejeito…
Carente de tudo, de dócil beleza
Uma alma em branco, isenta em despeito
Diana mal chega e já abre as janelas
Da menina e seu homem, dos brotos antigos
Por elas se adentra uma chuva de vida
Que regam o ramo de peitos amigos
Diana, menina, pouquíssimos ontens
Tu tens e incontáveis são teus amanhãs
Mero rabisco, é um botão teu futuro;
Vigor e risadas brotem temporãs
Cravo ou hibisco, dália ou jasmin?
Mesmo nascida, informe é tua história…
Coragem incultes com tua presença
Espaço já tens em nossas memórias
Diana, brotada, mais rica tu deixas
Aquela menina que antes citei
A tua presença de vida transborda
O cesto daquela menina, eu bem sei
Diana, que pena, não vais conhecer
Um’outra menina que muito amarias
Teus olhos e cheiro, teus dias e brilho,
Exemplo bem vivo tu nela terias
Diana, no entanto, quem tem-te nos braços
Fará com que dela tu sempre recordes
Ainda que fôra-se aquela menina,
Seu sangue, em tuas veias, por certo inda corre
Ao tempo compete, e aos brotos e ramos,
Guiar-te, cercar-te, suprir-te em benesses
Pra forte cresceres, guerreira neonata,
E florir o que quer que em ti ‘inda floresce
Escrito em virtude do aniversário de minha irmã e do nascimento de sua filha, Diana, um dia antes do aniversário. Deve ser lido como uma continuação do poema “As moedas, o quadro e a menina”, pois usam do mesmo simbolismo.